Mensagem do Dia

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Perfume ou Detergente?


Fonte das Imagens da Montagem:
http://www.elaine-sandrini.blogspot.com e http://www.gartic.com.br


Somos espíritas, tentamos ser espíritas, queremos ser espíritas dentro e fora da casa espírita. Tomara, mas tomara mesmo, que consigamos ser espíritas fora do ambiente do centro espírita. Afinal, o mundo está aí, com suas lutas e desafios, testando nossa capacidade de sermos melhores a cada dia.


Mas não é o mundo lá fora o objeto de reflexão deste artigo. É o mundo dentro da casa espírita. Melhor dizendo, é a nossa postura em relação ao centro espírita que freqüentamos. Por essa razão, cabe formular novamente as perguntas do título. Que tipo de espírita é você? Perfume ou detergente?

Muitas são as pessoas que, ao comprar um perfume, pedem para sentir sua fragrância. Uma amostra do perfume é espirrada no nosso braço ou naquela tirinha de papel, para que possamos escolher o melhor cheiro. E é um cheiro gostoso, agradável, chique, que nos remete a sensações de elegância, bem-estar, sofisticação.

Já, o detergente é pego sem muita atenção na prateleira do supermercado e jogado no carrinho, misturado a várias outras compras.

O perfume não. Quer o compremos para dar de presente ou para uso pessoal, ele ganhará uma embalagem elaborada, fina, que chame atenção. Tanto que adoramos dar perfume de presente. Ao mesmo tempo, ninguém, em sã consciência, presenteará alguém com um vidro de detergente.

O perfume merece lugar de destaque na nossa casa; o detergente não.

O perfume custa caro; o detergente não.

O perfume tem um frasco bonito; o detergente não.

Mas, apesar de todas estas aparentes desvantagens, o detergente ganha de lavada, literalmente, do perfume. Afinal, é o detergente que limpa a casa, apesar de, depois da tarefa cumprida, voltar para o canto do armário da área de serviço. E o perfume, embora reine impávido e reluzente no toucador ou na bancada do lavatório do banheiro, não tem capacidade de encarar uma limpeza pesada, algo que o detergente faz com a maior facilidade. Só que, estranhamente, a sociedade vangloria o perfume e se esquece do detergente. E acaba reproduzindo isso na relação social, pois damos mais valor à pessoa-perfume do que à pessoa-detergente.

No centro espírita, esta célula social da qual fazemos parte, acontece o mesmo fenômeno. Quem tem “olhos de ver”, como dizia Jesus Cristo, já deve ter notado que há espíritas-perfumes e espíritas-detergentes. E deve ter notado, também, que há os espíritas desavisados que se deixam levar pelos “falsos profetas”; adulam o espírita-perfume e nem notam a existência do espírita-detergente.

Quem é o espírita-perfume? É aquela pessoa faz presença. Aparece para espirrar um cheirinho de lavanda aqui, um aroma de almíscar ali, uma fragrância de alfazema acolá... Geralmente, abraçam tarefas de destaque, são bonitos, sorridentes, carismáticos, bem cuidados... Por essa razão, fascinam os desavisados. Não estou dizendo que os espíritas-perfumes são assim propositalmente, com o intuito deliberado de iludir as pessoas. São assim sem ter noção. Simplesmente são assim. É o que têm para dar. E fazemos votos que eles continuem dando à casa espírita pelo menos o que eles podem dar por enquanto.

E o espírita-detergente, quem é? É aquela pessoa que está sempre na casa espírita. Deixa tudo limpo, em ordem. Em contrapartida, não é notada. Na verdade, ela não faz a mínima questão de ser notada. Mas, como dedica-se a tarefas supostamente subalternas, não é valorizada. Mas, se faltar, sua ausência será sentida, e como!

Para termos uma idéia melhor de ambos e de que como agimos perante eles, vamos imaginar a seguinte situação: um renomado expositor e escritor espírita virá à casa que freqüentamos para fazer uma palestra e autografar seu mais recente livro. Após, haverá um buffet beneficente. Os detergentes, é claro, combinaram de chegar cedo. Limpam o salão, arrumam a mesa do orador, preparam a mesa para a venda de livros, preparam o salão onde será o buffet , fazem o café, dispõem os doces e salgados na mesa... Quinze minutos antes do evento começar, chegam os perfumes. Arrumados, perfumados (é claro) e sorridentes, acercam-se do orador, cumprimentam-no, abraçam-no. O que fazem os demais trabalhadores da casa? Suspiram de contentamento ante a chegada dos perfumes. É como se o ambiente se enchesse de luz ante à chegada de seres que fazem tão bem à nossa vista.

Findo o evento, enquanto os detergentes arrumam tudo, os perfumes ficam conversando com o orador, elogiando sua palestra e falando sobre a grandiosidade dos conceitos espíritas. Mas são incapazes de lavar um copo ou carregar uma cadeira. Vão embora e deixam os detergentes pondo a casa novamente em ordem.

Por que isso acontece? Porque, numa sociedade dominada pela imagem, nos deixamos seduzir pela imagem e passamos a adular, dentro da casa espírita, a turma do perfume.

Isso significa que devemos adular a turma do detergente? Adular não; valorizar sim. Dar valor não tem nada a ver com estender tapete vermelho. É ficar ombro a ombro com pessoas que, muitas vezes, carregam o centro espírita nas costas sem nos darmos conta.

Os perfumes só aparecem de vez em quando para espirrar o seu cheirinho agradável. Ao mesmo tempo, os detergentes estão em todos os lugares, muitas vezes sobrecarregados, abraçando várias tarefas que são imprescindíveis para o bom funcionamento do centro espírita.

Mas como ficar ombro a ombro com os detergentes? Simples, seja você também um detergente e pare de ficar batendo palminhas para os perfumes. Quando isso acontecer, os perfumes perceberão que precisam ser detergentes. Afinal, repito, os perfumes não agem assim por mal. Simplesmente ainda não perceberam o real significado do trabalho numa casa espírita.

Que tipo de espírita é você? Perfume ou detergente?


Texto Extraído do Site: http://www.umep.com.br/artigos/artigo0020.htm

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