Mensagem do Dia

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Apontamentos sobre a Escala Espírita


Allan Kardec chamou de Escala Espírita a classificação dos Espíritos elaborada segundo critérios que levavam em conta o desenvolvimento intelectual e moral dos Espíritos.
Com ela podemos saber qual o nível dos Espíritos que entram em contato conosco, "bem como saber onde nos encaixamos nela e quanto nos falta para atingir a perfeição".¹
A Escala Espírita seguiu esta ordem de publicação:

1º O Livro dos Espíritos, 1ª edição, 1857.
2º Revista Espírita, Fevereiro de 1858,
3º Instrução Prática das Manifestações Espíritas (1858),
4º O Livro dos Espíritos, 2ª edição (1860).

Os rudimentos desta classificação aparecem em 1857, na primeira edição de O Livro dos Espíritos. Do item 55 ao 57, os Espíritos apresentam a Allan Kardec três ordens de Espíritos:

1ª Espíritos puros;
2ª Espíritos bons;
3ª Espíritos imperfeitos.

Comentando as respostas dos Espíritos, Allan Kardec inicia uma classificação da terceira ordem, apresentando-a assim:

1º Os Espíritos neutros: Os que não são bastante bons para fazer o bem nem bastante maus para fazer o mal.
2º Os Espíritos impuros: Os que são inclinados ao mal que é o objeto de suas preocupações.
3º Os esprits follets² : “ São levianos, malignos, insensatos, mais turbulentos que maus; metem-se em tudo e se comprazem em causar pequenos desgostos e risotas, ou de induzir maliciosamente em erro para mistificações. Podem ser designados também pelos termos lunáticos, tentadores".

Em fevereiro de 1858 a Escala Espírita é publicada pela primeira vez com esse título. Nessa oportunidade Allan Kardec deixa claro alguns pontos da elaboração da Escala³:

1º - O que demarca as diferenças dos Espíritos:
"Não pertencem eternamente à mesma ordem e que, em consequência, essas ordens não constituem espécies distintas: são graus do desenvolvimento";

"A classificação dos Espíritos é baseada em seu grau de progresso, nas qualidades adquiridas e nas imperfeições de que devem despojar-se".

2º - Sobre as fronteiras entre uma classe e outra:
"Cada categoria só apresenta um caráter marcante no seu conjunto; mas de um a outro grau a transição é insensível e nos limites a nuança se apaga, como nos ramos da Natureza, nas cores do arco-íris ou nos vários períodos da vida humana. Pode-se pois formar um maior ou menor número de classes, conforme o ponto de vista sob o qual se considerar o assunto".

3º - Sobre a participação dos Espíritos e de Allan Kardec na confecção da Escala:
"Para eles o pensamento é tudo: deixam-nos a forma e a escolha das expressões, as classificações ― numa palavra, os sistemas";

"É que eles [os sábios botânicos] não inventaram as plantas nem seus caracteres; observaram as analogias e, segundo estas, formaram grupos ou classes. Assim também nós: nem inven¬tamos os Espíritos nem seus caracteres; vimos e observamos. Julgamo-los por suas palavras e atos, depois os classificamos por suas similitudes. Eis o que qualquer um, em nosso caso, teria feito";

" (...) não podemos reivindicar a autoria de todo o trabalho. Se o quadro que damos a seguir não foi traçado textualmente pelos Espíritos e se é nossa a iniciativa, todos os elementos que o compõem foram hauridos em seus ensina-mentos: o que nos restava era apenas formular uma disposição material".

Aqui, Allan Kardec retoma o que os Espíritos lhe apresentaram em 1857:

"Os Espíritos geralmente admitem três categorias principais ou grandes divisões. Na última, na base da escala, estão os Espíritos imperfeitos, que devem ainda percorrer todas ou qua¬se todas as etapas; são caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito e pela inclinação para o mal. Os da segunda são caracterizados pela predominância do Espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: são os bons Espíritos. A pri¬meira, enfim, compreende os Espíritos puros, os que atingiram o grau supremo de perfeição".

E esclarece sobre sua participação:

"Esta divisão nos parece perfeitamente racional e apresenta caracteres bem definidos. Só nos restava destacar, em número suficiente de divisões, as nuanças principais do conjunto; foi o que fizemos com o concurso dos Espíritos, cujas benévolas instruções jamais nos faltaram".

Ainda em 1858, no primeiro semestre, é publicado o livro Instrução Prática das Manifestações Espíritas.
No primeiro capítulo do Instrução, Allan Kardec afirma que a diferenciação das ordens dos Espíritos é um dos mais importantes princípios da Doutrina Espírita.
Não houve mais alterações na Escala até 1860.
Com a publicação da segunda edição de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec traz uma nova classe de Espíritos à Escala. Se anteriormente ela continha 9 classes, agora são 10.
Na realidade, não surge uma classe do "nada". A classe dos "Espíritos batedores" já estava contida na oitava classe, a dos Espíritos Levianos.
Para finalizar, eis um esquema apresentando as transformações da Escala:

1857:
1ª ordem:
Espíritos puros
2ª ordem:
Espíritos bons
3ª ordem:
Espíritos imperfeitos, Espíritos neutros, Espíritos impuros e Espíritos follets

1858:
1ª ordem:
Espíritos puros - Classe única
2ª ordem (Espíritos bons):
2ª classe: ESPÍRITOS SUPERIORES
3ª classe: ESPÍRITOS SÁBIOS
4ª classe: ESPÍRITOS CULTOS
5ª classe: ESPÍRITOS BENEVOLENTES
3ª ordem (Espíritos imperfeitos):
6ª classe: ESPÍRITOS NEUTROS
7ª classe: ESPÍRITOS PSEUDO-SÁBIOS
8ª classe: ESPÍRITOS LEVIANOS
9ª classe: ESPÍRITOS IMPUROS

1860:
1ª ordem:
Espíritos puros - Classe única
2ª ordem (Espíritos bons):
2ª classe: ESPÍRITOS SUPERIORES
3ª classe: ESPÍRITOS SÁBIOS
4ª classe: ESPÍRITOS CULTOS
5ª classe: ESPÍRITOS BENEVOLENTES
3ª ordem (Espíritos imperfeitos):
6ª classe: ESPÍRITOS BATEDORES
7ª classe: ESPÍRITOS NEUTROS
8ª classe: ESPÍRITOS PSEUDO-SÁBIOS
9ª classe: ESPÍRITOS LEVIANOS
10ª classe: IMPUROS


¹ texto presente nas publicações da Escala.
²Segundo o dicionário: follet: maluco, tonto; travesso; esprit follet, duende. Em 1858, Kardec muda o nome dessa classe para Esprits légers, Espíritos levianos.
³Os grifos são nossos.

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